Com essas cartas em mãos, aliadas às polêmicas levantadas pelo filme – o fato de sua estreia ocorrer em um ano de eleição, por exemplo – cria-se um sucesso. Esse fato não quer dizer, no entanto, que não se trata de uma obra com diversos problemas. O mais gritante é o fato de o filme ser inteiramente preto no branco (apesar de em cores), sem nuances. Lula é um herói absoluto e inquestionável do início ao fim, que não faz nada que não seja nobre ou inspirador e, assim como ele, todos os personagens são construídos de forma maniqueísta: a mãe forte e batalhadora, o pai alcoólatra e mau-toda-vida, a mulher frágil e companheira etc. Essa falta de cinza em uma estória que se vale de personagens reais os torna um tanto menos reais e coloca em xeque a proposta primordial da biografia cinematográfica.
De qualquer forma, o filme emociona em alguns momentos e certamente vai cativar o público. É uma pena que o diretor Fábio Barreto, muito animado na sessão de imprensa em que assisti ao filme, tenha sofrido um trágico acidente que talvez o impossibilite de ser testemunha do êxito de sua obra. Êxito mais que provável, dadas as condições.