quarta-feira, 8 de julho de 2009

Nostalgia araruamense

Eu cresci numa cidade sem cinema. Bem, mais ou menos. Durante a minha infância, Araruama tinha, de fato, seu simpático cinema de rua, hoje mais uma filial da Igreja Universal. Acontece que o cinema funcionava de modo intermitente. Às vezes passava um filme que já estava quase chegando às locadoras, em outras ocasiões virava um cinema pornô, ou fechava por completo. Eu ficava ansiosa, sempre esperando que ele reabrisse, mesmo com aquelas cadeiras de madeira lascadas, aquele som terrível, um ou outro morcego rondando. Recordo-me de assistir A rocha, com Sean Connery, numa das últimas vezes em que ele funcionou.


Depois disso, eu então com uns 13 anos, e só me restavam as viagens de férias a Macaé – mal chegava e já corria pro cinema, que era um antigo, de rua, hoje também já falecido. Mais velha, muitas eram as idas para Cabo Frio nas tardes de sábado, algumas vezes sem nem saber a programação, que parecia não ser anunciada em lugar nenhum. Tudo para poder ver um filminho no cinema – de novo outra daquelas construções antigas, hoje também descansando na paz da memória. E, voando mais longe, vieram visitas a Niterói, aulas de pré-vestibular e mais umas tantas escapadas para a sala escura. Era uma outra época e eu era uma pessoa com desejos tão, tão simples. Tudo que eu queria no mundo era ir ao cinema. Todo dia, qualquer dia.


Pensando nisso, me surpreendo com o tanto que o mundo e a gente mudam. Hoje em dia, o único cinema de rua que frequento é o CineArte UFF, e vivo reclamando que não tem nada bom passando em lugar nenhum, ou que não tenho tempo de assistir a todos os filmes que gostaria. Ai, de repente me deu uma saudade de ir ao cinema como eu ia quando tinha 14,15 anos...


Você ainda vai a um cinema de rua numa tarde de sábado? Onde? Me conta!

4 comentários:

Konrad von Swalwagner disse...

New Haven, por incrível que pareça para uma cidade neste país, tem um cinema de rua (além das salas de projeção da universidade, obviamente). O cinema é até bem simpático, eu vi um ou dois filmes lá, mas nada de tarde. Até gostaria de ir com mais freqüência, mas é difícil achar tempo.

No cinema de Yale eu assisti recentemente ao "Vidas Secas" em 35mm, e depois ao "Alienista," também do Nelson Pereira dos Santos ("O Alienista" não me agradou muito, francamente). Foi uma retrospectiva dos filmes dele, e ele também apareceu aqui para um debate, mas eu não fiquei para o debate. Coincidência que o cara que fundou o curso de cinema da UFF também tenha dado as caras por aqui. O mundo é bem pequeno, eu acho.

E você, quando vai dar as caras por aqui?

Maria Caú disse...

Eu conheci o Nelson, fui assistente dele num curta maluco que não foi finalizado. Ele é divertido.

A Lena tb está em New Haven? Como está indo em Yale? Chiquérrimo você!

Adoraria aparecer, quem sabe um dia... conhecer esse cinema de rua simpático!

bruno coutinho disse...

eu tenho o cine sesc do laaaado d aminha casa aqui em sp. muita sorte ter tantos cinemas onde eu moro.
Tem o do center 3 na paulista, o belas artes e este cinesec que tanto ferquento. :)

Maria Caú disse...

bacana saber que nem todo cinema em sampa é de shopping!