terça-feira, 21 de abril de 2009

Nostalgia niteroiense

Neste ano que corre, voltei a morar em Niterói e finalmente senti a força dos efeitos da crise dos cinemas de Icaraí. Quando eu me mudei pela primeira vez para a cidade, em 2002, o Cine Center da Moreira César fechara há pouco, de modo que havia então três salas de cinema no bairro.


O famoso Cine Icaraí, com um impressionante número de lugares, incluindo um balcão que, para o meu desapontamento, quase nunca estava aberto. Havia também a modesta salinha do Estação Icaraí, que passava os filmezinhos que eram ignorados pelo grande circuito e que fazia parte também da lista de cinemas que exibia os filmes do Festival do Rio. Completando o quadro, lá estava o Cine Arte UFF, o único que resistiu à crise provocada pela inauguração do Cinemark do Plaza, com suas sete salas.


Nada contra o cinema do Plaza, que eu regularmente frequento. Mas é que cinema de shopping tem uma vibração bem diferente de cinema de rua, não é não? E Icaraí é um bairro fofo, com velhinhos, crianças e cachorros convivendo harmonicamente no domingo, um bairro assim, que pede cinema de rua. Não que o Estação ou o Center atendessem muito bem à demanda, já que ambos ficavam no interior de pequenos complexos comerciais, mas pelo menos abriam o leque de opções do bairro. E o Icaraí, que eu conheço desde adolescente, era a cara do lugar. Dizem que ele vai reabrir, mas não sei não, ultimamente o local só serve mesmo para abrigar os encontros da associação dos mendigos das redondezas.


Bom, vale dizer que o Cine Arte UFF continua firme e forte na Miguel de Frias. A programação é quase sempre boa, a projeção melhorou bastante e o ar condicionado funciona bem. Além disso, agora a entrada não é mais um papelzinho qualquer, mas contém o nome do filme e demais informações, para aqueles que – como eu – gostam de guardar os bilhetes. Lá dentro, a pipoca é de micro-ondas, mas os preços são de todo acessíveis, a começar pela entrada, que às segundas-feiras continua a custar dois reais (!) para qualquer um, com ou sem carteirinha de estudante. Mais barato que alugar um dvd.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

8G

Nos últimos meses, fui surpreendida ao retomar a minha rotina de idas regulares ao cinema no Rio de Janeiro e em Niterói, agora munida da carteirinha de estudante que me devolve meus antigos superpoderes. Parece que a “nova onda” agora é sala de cinema com lugar marcado, tipo sala de teatro mesmo. Imaginem vocês a minha cara de tacho e/ou flagrante deselegância interiorana quando a moça do caixa me mandou escolher um lugar. Não entendi nada. Vendo o meu embaraço, a tal moça me apontou uma tela de computador com diversos lugares numerados, letras para as filas, números para as cadeiras, os já ocupados piscando em vermelho, tudo muito tecnológico e tal. Eu me limitei a traçar com os dedos uma linha que ia do meio exato da representação da tela de cinema até uma fila localizada não muito distante e nem muito próxima da mesma. 8G. Pedi o lugar 8G. E ao adentrar a sala de cinema percebi que aquele era exatamente o melhor assento da casa. Não contem para ninguém, mas o melhor lugar do Arteplex de Botafogo é o 8G.
De qualquer forma, é um tanto estranho pensar que agora não faz mais muita diferença chegar adiantado na sala – como eu sempre fazia – ou deixar uma mochila marcando o lugar do amigo etc. Nada disso dá mais resultado. E como as pessoas gostam da última fila, justo aquela que fica grudada na parede, que esquisito! Enfim, ainda não me acostumei com esse novo protocolo, mas, de qualquer forma, anotem aí: 8G.