terça-feira, 23 de setembro de 2008

Vicky Cristina Rio de Janeiro, por favor

Nesta mesma época, no ano passado, eu expressei nesta coluna a minha indignação com a organização do Festival do Rio, que havia prometido exibir O sonho de Cassandra, dirigido por Woody Allen, que, como meus cinco leitores já tiveram muitas ocasiões para notar, é o meu cineasta favorito. Na ocasião, o filme de Allen, sem qualquer explicação, não constava na programação quando esta veio à tona. Como conseqüência disso, eu precisei esperar até maio deste ano para assistir ao filme.

Quando a programação do Festival do Rio 2008 foi publicada, no entanto, eu pude observar uma clara oportunidade de redenção: Vicky Cristina Barcelona, último filme lançado pelo diretor, constava na lista. Apressadamente, telefonei para minha amiga Aline, que mora nas cercanias do Estação Botafogo e pedi a ela que cumprisse uma tarefa ingrata: enfrentar a fila no primeiro dia de vendas dos ingressos (sempre lotada de estudantes de cinema e pessoas com uma estranha mutação genética que lhes permite assistir a cinqüenta filmes em duas semanas – e sobreviver). Aline aceitou a missão e permaneceu por uma hora e meia na fila, apenas para ser avisada que os ingressos para o filme do Allen não estavam à venda. Por quê? Simplesmente porque a cópia não chegou. Isso, isso mesmo, a cópia não chegou. Como assim? Como assim alguém coloca um filme numa programação que sai no jornal O Globo sem saber se a cópia vai chegar a tempo para o festival? E mais: como assim esse mesmo alguém não tem a gentil idéia de colocar uma plaquinha avisando: atenção pessoas que estão na fila no sol paradas tediosamente: o filme do Allen não chegou, vão para casa viver! Outra: onde é que está essa cópia? Alguém quer que eu vá buscar? Ai, ai, tô vendo que Vicky Cristina só mesmo em Barcelona.


Segunda quinzena de setembro, jornal Principal.

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