quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Monk e House




Eu estava planejando escrever sobre os meus seriados favoritos de tevê, mas quando os coloquei lado a lado notei um paralelismo que nunca antes havia me saltado aos olhos. Como eu nunca reparei que Monk e House são exatamente o mesmo seriado? Não, não me tomem por louca. Entendo que cada um deles representa um gênero já consagrado da tevê norte-americana: Monk é um programa de detetive; House é um programa de hospital. Há incontáveis séries de detetives e incontáveis séries de hospital. E muitas delas se fundamentam na resolução de mistérios e no heroísmo: por um lado precisa-se descobrir qual é a doença e salvar o paciente; por outro, encontrar o assassino e proteger a vítima. As semelhanças aqui, contudo, são muito mais profundas.

Adrian Monk é um ex-policial com um caso grave de transtorno obsessivo-compulsivo que trabalha como consultor para a polícia de São Francisco; Gregory House é um médico especialista em diagnose que, por conta de uma lesão em uma das pernas, só consegue caminhar com o auxílio de uma bengala. Ambos são os melhores em seus campos, praticamente lendas-vivas, resolvendo enigmas complexos de modo quase que sobre-humano. Ambos possuem deficiências que os distinguem do todo e cultivam uma misantropia acentuada: Monk é incapaz mesmo do contato físico, por conta de seu medo irracional de contaminação, mas este talvez seja menos doentio que House, que se mostra incapaz de manter laços emocionais mais sólidos com quem quer que seja. Nenhum dos dois possui qualquer talento para o heroísmo (e aí as séries se afastam dos clichês de ambos os gêneros). Monk e House permanecem os dois num estado de solidão desejada, humanizados somente por um único personagem com quem mantêm uma relação de uma proximidade instável: Monk e sua enfermeira; House e Winston. Ambos não se encaixam na sociedade e não conseguem seguir os padrões vigentes. No passado, há ainda, para os dois, a figura da mulher que, apesar de tudo, foi capaz de compreendê-los e amá-los, agora ausente: Trudy falecida, Stacy inalcançável. Até a estrutura dos episódios é similar! A única diferença que eu fui capaz de mapear é que parece haver em Monk uma tímida tentativa de se adequar, que definitivamente não há em House.

Que fique registrado: no dia em que eu for uma roteirista de verdade, vou copiar esse modelo!

Publicada na primeira quinzena de setembro no jornal Principal

7 comentários:

Vitor Bricio disse...

É muito bom ler você. Gosto de seriados clichês tipo Chaves e Friends...Me divirto. Gosto! Ano que vem o projeto audacioso se inicia ( Previsão pro meio do ano) e pelo bom gosto dedico a você também. Bju meu.,

Bernardo disse...

Oi, passei aqui. Te adicionei à pasta Blog. Vê se atualiza. Beijo meu, beijo seu.

Bernardo disse...

Clarisse no Paint = cabeçalhos gigantes.

http://quiebrelapierna.blogspot.com/

beijo nosso.

Clarisse Vianna disse...

também te amo, bernardo.
e coleciono secretamente bonecões de olinda.

Clarisse Vianna disse...

e eu juro que no meu computador não fica gigante, fica certinho e cabe no blog.

Maria Caú disse...

não ficou gigante aqui. ficou lindo!
ehehehe

Patricia Moreira disse...

Oi Maria, não nos conhecemos pessoalmente, mas acompanho o seu ótimo trabalho há 4 anos... rsrsrs Sou a diagramadora do jornal Principal... rsrsrs É isso aí, blog é muito bom, você vai gostar e com o tempo ele vai ser um sucesso! Seus textos são ótimos e vão logo cair no gosto dos internautas. Eu também tenho um blog, ainda um pouco abandonado, dá uma olhada lá e pega umas dicas de postagens. http://jornaltenhodito.blogspot.com/
Abraços, Patrícia Moreira