
O tempo passou e, embora eu tenha começado a duvidar das qualidades literárias de Rice e torcido o nariz para os novos fenômenos do gênero, meu fascínio pelos personagens imortais de caninos afiados não se desvaneceu por completo. Assim sendo, decidi conferir Crepúsculo, filme baseado no livro homônimo, o primeiro da série de estórias vampirescas de Stephenie Meyer, que tem figurado na lista de mais vendidos mundo afora. A obra conta a estória de uma adolescente (!) que se apaixona por um vampiro “bonzinho”, Edward Cullen, parte de uma linhagem mais consciente de bebedores de sangue, que não vitimiza seres humanos, alimentando-se unicamente do sangue de animais. Esse romance é constantemente ameaçado, não só pela natureza de Edward, que luta contra seus impulsos mais selvagens, mais pela existência de outras linhagens menos civilizadas de vampiros que rondam a cidadezinha (aparentemente, vampiros adoram povoados isolados e pouco populosos) em que a heroína vive. O filme é divertido e prende a atenção, mesmo que se tenha que conviver com um grande número de adolescentes ainda não adestrados na maioria das sessões. Há alguns deslizes, como a maquiagem extremamente exagerada dos vampiros, que faz questionar seriamente o seu poder de se disfarçarem como humanos, e alguns diálogos que escorregam feio nos clichês. Ainda assim, para quem se interessa pelo tema, um dos mais recorrentes do cinema, e deseja fugir de produções toscas como Anjos da noite, Crepúsculo é uma boa opção. Diversão garantida ou o seu pescoço de volta.